DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA
RECEBEMOS
“Curai enfermos,
ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebeste, de
graça dai” (Mt 10:8)
Dentre as
recomendações dadas aos discípulos, estava esta: não cobrar por coisas que não
provinham deles, mas do Altíssimo. Sé é correto o trabalhador receber por seu
trabalho, é correto dar de graça o que por graça recebemos. O médico estudou,
abriu consultório e cobra por seu trabalho e, se não for abusivo, estará
correto, mas os apóstolos curavam por um dom concedido por Jesus, e, por isso,
não poderiam cobrar. Por outro lado, tinham direito à comida e ao abrigo e quem
não os desse, não os receberia. O escritor investe seu tempo e sua formação no
seu ofício de escrever, mas quem escreve por inspiração divina ou transcreve
obras de outros, como Chico Xavier, não pode cobrar. Francisco Cândido Xavier
escreveu cerca de 500 livros, mas, sabendo não ser o seu real autor, doava os
direitos autorais à caridade ou à FEB, vivendo como modesto funcionário
público. Se tivesse vendido os livros, ficaria muito rico, como um Paulo
Coelho, mas, optando por fazer o certo, acumulou tesouros no céu, e não “onde a
traça e a ferrugem corroem” (Mt 6:19). Uma enfermeira estuda para aprender sua
profissão e se desvela em cuidados com o paciente. Recebe seu salário, de forma
justa, mas Madre Teresa de Calcutá. Que dedicou a vida a cuidar dos doentes
mais miseráveis, teve seu sustento provido por Deus e entrou para a história.
Se um padre, ou pastor, abdicam do trabalho material para dedicar-se de forma
integral à seara de Deus, é justo que recebam o suficiente para seu sustento, desde
que viva com simplicidade, mas quem, após a jornada de labuta diária dedica-se
gratuitamente ao trabalho edificador, não pode ser menos valorizado. Ao
contrário, aquele que transforma bênçãos em dinheiro, que busca enriquecer
materialmente com o trabalho espiritual, merece ser criticado, pois troca a
recompensa de seu trabalho por moeda de menor valor. “já receberam a sua paga”
(Mt 6:2). Jesus o demonstrou ao expulsar os mercadores do Templo (Mt 21:12-13).
A separação das coisas materiais e espirituais é também deixada clara nos
trechos que dizem “não se pode servir a Deus e às riquezas (Mt 6:24); dai a
césar o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22:21) e, com toda a
clareza em "Ai de vocês, mestres da lei e fariseus,
hipócritas! Vocês devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas
orações. Por isso serão castigados mais severamente” (Mt 23:14).
Do livro “A Filosofia na Bíblia”
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