“quem te diz aonde
ir é o coração, mas quem te aponta o caminho é a razão”
(autor desconhecido)
“a finalidade do
espiritismo é fazer com que a mensagem de Jesus seja entendida, sentida e
vivida por cada um de nós”
(José Carvalho)
Temos,
às vezes um falso dilema. Ouvir a voz da razão ou a voz do coração. Digo falso
este dilema porque ambas têm sua verdade e nenhuma deve predominar sempre sobre
a outra. Nas decisões da vida deve-se ouvir a ambas, predominando uma ou outra
conforme a circunstância.
Em
assuntos mais práticos, objetivos e materiais, a razão predomina, mas o coração
não pode calar-se. Em assuntos sentimentais, subjetivos e espirituais,
predomina o coração, mas nem por isto prescinde do crivo da razão.
“A
virtude está no meio” é frase de sabedoria popular e coberta de razão. Sempre é
melhor o equilíbrio. O homem é como um pássaro de duas asas, sentimento e
conhecimento, representados às vezes por religião e ciência. Muitas lutas se
deram na intenção de fazer uma predominar sobre a outra. Galileu foi uma de
suas mais famosas vítimas. Ao desvendar os mistérios da gravitação universal
fez com que a Igreja se sentisse ameaçada. Puro orgulho!
A
evolução do pensamento é impossível de ser detida. O homem busca e encontra
cada vez mais respostas às suas perguntas sobre “o que somos, de onde viemos e
para onde vamos”, bem como sobre os fenômenos naturais e os ditos
“sobrenaturais” (os que ainda não entendemos).
Por
esta razão Jesus nos falava em forma de parábolas, permitindo que suas palavras
contivessem vários níveis de compreensão e pudessem ser entendidas por todos,
cada um dentro de seus limites.
No
início, sem conhecer nada, precisávamos acreditar em tudo. À medida em que
vamos evoluindo, trocamos o “acreditar” dogmático (é assim porque me disseram e
pronto) pelo “entender” crítico (deve ser assim, pela lógica e pelos indícios),
chegando ao “conhecer” científico (eu sei que é assim, está provado). As
próximas etapas são o “sentir”, quando o conhecimento ultrapassa a mente e
entra no coração e o “viver”, quando, completamente entendido, conhecido e
sentido, incorpora-se aos atos do dia-a-dia, tornando-se nosso hábito sem
sequer ser cogitada outra alternativa, visto que está provada de forma
incontestável e incorporada ao nosso ser.
Quando citamos no início do capítulo a
missão do Espiritismo, em nenhum momento lhe conferimos exclusividade ou mesmo
superioridade sobre outras doutrinas ou religiões. Sucede que diferentemente de
outras, que foram “reveladas”, esta foi pesquisada, testada, intuída,
experimentada por método científico, até por ter sido codificada por um
cientista (o pedagogo Hypollite Léon Denizard Rivail, que adotou o pseudônimo
de Allan Kardec para diferenciar seus estudos sobre os espíritos de seus
trabalhos na área da pedagogia, na qual era respeitado escritor e pesquisador).
Um de seus lemas era “é preferível rejeitar mil verdades do que aceitar uma
única mentira”, o que traduz o espírito científico crítico e cuidadoso de seus
estudos. Contém ainda uma caridosa dádiva de dar a cada um o seu próprio tempo
de absorver as verdades, sem nada impor. Ainda citando Kardec, temos
“caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado,
porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto
qualquer, ele se modificaria nesse ponto.” (Item 55 do cap. I de A Gênese [3]).
Lição de humildade, pois aceita a verdade venha ela de onde vier. Não pretende
ser a única fonte. Jamais praticou o proselitismo, respeitando as idéias de
cada um. A religião não tem seu valor medido pelo número de adeptos, mas por
sua capacidade de explicar, orientar e consolar aos que dela se valerem. Kardec
nunca disse “fora do Espiritismo não há salvação”, pelo contrário, dizia sempre:”
fora da Caridade não há salvação”. Com isto transformou ou melhor, “formou” o
Espiritismo como ferramenta disponível a todos para auxiliar o entendimento da
mensagem de Jesus, explicando supostas injustiças e desvendando antigos dogmas.
Constituiu-se assim o tríplice aspecto da doutrina espírita como Ciência (ao
estudar os fenômenos mediúnicos), Filosofia (ao propor regras de conduta
baseadas na mensagem de Jesus) e Religião (ao reaproximar a criatura de seu
Criador).
Trecho do livro
“Simplificando sua vida”.
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