“Eu darei a você as chaves do Reino dos céus; o que você ligar
na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido
desligado nos céus". (Mt 16:19)
A Terra é o lugar
que Deus nos deu para o aprendizado, enquanto o céu é a nossa origem e a nossa
destinação. Jesus nos afirmou que seu Reino não é deste mundo (Jo 18:36) e nos
prometeu as recompensas na vida eterna (Mt 5:3-10); mas, desde a época de
Jesus, mesmo os seus discípulos se mostravam excessivamente preocupados com as
coisas da matéria, como Pedro: “Tem compaixão de ti, Senhor, isto de forma
alguma te sucederá” (Mt 16:22), ao ser informado do destino que Jesus teria (Mt
16:21). Jesus, então, reafirma a necessidade de privilegiar as conquistas do
espírito, ainda que diante do sofrimento e da própria vida, pois agir de forma
contrária nos levaria à ruína (Mt 16:23). Chega mesmo a nos afirmar que “Então
Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se
a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a
perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará.” (Mt
16:24-25) e (Mt 10:39).
Nos é, ainda,
difícil interiorizar estas ideias, passados 2000 anos, pois a vida material é
palpável, e a vida espiritual, aos nossos olhos, uma promessa. Aí residem o
mérito e a fé. Diante das palavras claras de Jesus, e sendo nós cristãos, não
nos resta alternativa: ou cremos no Cristo ou renunciamos a ele!
Após
a reflexão acima, temos que começar a desconstruir os antigos hábitos e formar
os novos, como nos dizia o apóstolo Paulo: “Quando eu era menino, falava como
menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem,
deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo
obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte;
então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido.
Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles,
porém, é o amor. (1Cor 13:11-13) o nosso objetivo principal deixa de ser
perpetuar a espécie e sobreviver, como os animais, ou ter o máximo de prazer,
de riquezas, de poder aqui na Terra, como o homem materialista, e passa a ser,
como homens espiritualizados que pretendemos ser, a conquista das virtudes
espirituais já referidas pelo Mestre nas Bem-aventuranças (Mt 5:3-10) e o
exercício da Caridade, que é o Amor em ação. Afinal, o mandamento maior,
segundo Jesus é “Amar a Deus sobre todas as coisas ... e ao próximo como a si
mesmo” (Mt 22:37-39) e o amar a Deus se faz através do serviço aos seus filhos
(Mt 25:40). São o orgulho e o apego à matéria que nos desviam deste rumo.
“Perder a nossa vida” é abdicar do orgulho, é deixar de se inquietar pela posse
dos bens materiais (Mt 6:19-34) ou dar-lhe maior importância do que à missão
que nos trouxe aqui (Mt 10:7-11). “Ganhar a nossa vida” é fazer como Jesus, que
veio para servir, e não para ser servido (Mt 20:28) e não tinha bens materiais
(Mt 8:20), mas até hoje é exemplo de conduta. Quem busca a glória na Terra,
pode até recebe-la, mas deixa de alcançar a do Céu (Mt 6:2, 5), pois “O maior
entre vocês deverá ser servo. Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será
humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Mt
23:11-12)
A compreensão destes conceitos e
a prática que deles resultará resume tudo o que o Cristo veio ensinar, como ele
mesmo o disse: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mt
22:40).
Do
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