O QUE TEM VALOR APARECE POR SI SÓ
“Não se pode esconder a cidade edificada sobre o monte, nem se acende uma candeia para colocá-la embaixo do alqueire” (Mt 5:14-15)
Nós temos uma necessidade de destacar as coisas boas que fazemos, para que elas sejam valorizadas. Esquecemos que é o mérito de nossos atos que lhes dará o devido destaque. Quando o impulsionamento é feito de forma artificial, não se sustenta. Tudo o que for colocado acima do lugar que lhe é devido acabará por cair e, por mais que se tente abafar uma atividade meritória, esta acabará por ser vista e valorizada. Apesar disso, nós temos a tendência de querer aparecer. A vaidade é a exacerbação da necessidade natural de afirmação que todos devemos ter. Decorre de insegurança, de não nos darmos o devido valor. Então, é o caso de nos perguntarmos se os nossos atos são feitos por nós ou pelos outros; se agimos por achar certo ou para aparecer; se tem valor o que é ou o que aparenta ser. As consequências imediatas de nossos atos até passam pela opinião dos outros, mas as de longo prazo não. Existe um ditado popular que diz que “à mulher de César, não basta ser honesta, tem que parecer honesta”, mas de nada vale parecer e não ser. Na Bíblia Jesus ainda nos ensina que: “todo aquele que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado" (Lc 14:11). A escolha é nossa. Podemos viver de conteúdo ou de aparência.
Você já reparou como fica feio a pessoa que faz as coisas só para aparecer? Jesus nos ensinou a agir com discrição, fazer as coisas pelo seu valor, não para serem vistas pelos outros: “Mas, quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita.” (Mateus 6:3); "E, quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. Mas, quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.” (Mt 6:5-6). É a caridade discreta, a oração solitária que agradam a Deus, como o óbolo (esmola) dado pela viúva, que deu do pouco que tinha e com discrição, ao contrário do que deu o supérfluo, para aparecer. (Mc 12:42).
Aquilo que é feito pra ser visto, tem nesta visibilidade a sua paga, mas o que é feito de coração, por sentimento, é mais valorizado, tanto pelos homens como principalmente aos olhos de Deus.

Trecho do livro “A filosofia na Bíblia”.
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