“Também ouviste que foi dito: ‘não jurará falso, mas cumprirás para com
o Senhor os juramentos. Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis. Seja, pois a
tu palavra: Sim, sim; não, não” (Mt 5:33-34,37)
Também aqui Jesus vem modificar a antiga tradição judaica. Mais uma vez
mantém o que já existia, mas avança. Não só não se pode jurar em falso, mas
também não se pode jurar. A palavra do homem deve ser clara e verdadeira
sempre. Havendo o juramento e devendo este ser cumprido, esta palavra jurada
teria valor e as demais não o teriam. Assim, no quotidiano o homem o homem
estaria descompromissado com a verdade, subsistindo este compromisso apenas
quando jurasse. Este era o costume antigo. Jesus vem colocar uma nova situação:
a palavra do homem é uma só! Se disser sim, é sim; se disser não, é não. Cada
palavra tem o seu compromisso, sem diferenciar se juramentada ou não, tornando
o juramento desnecessário e gerador de confusão. Tudo o que for dito tem que
ser verdadeiro e sincero.
Imaginemos o mundo sem mentira e sem falsidade! Difícil até supor. A
mentira, a falsidade e a hipocrisia estão tão arraigadas em nossa sociedade
que, para um documento ter valor, tem que ser autenticado em cartório. E se
falsificam autenticações! Havendo a palavra e o juramento, só este último teria
compromisso com a verdade, ficando a primeira liberada deste compromisso. Visto
que se falava mais do que jurava, se podia mentir na maior parte do tempo! No
mundo que Jesus nos apresenta, tudo tem o compromisso. Eliminando o juramento,
Jesus deu valor a toda palavra pronunciada por nós.
Para nos iludirmos, damos “apelidos” à mentira.
Surgem assim a “mentira piedosa” e a “mentira inocente”. Nenhuma mentira é
piedosa! A mentira gera a ilusão, que depois se transforma em des-ilusão. A
“mentira inocente” seria aquela dita “sem má intenção”, mas, como diz o ditado,
“de boa intenção o inferno está cheio”. Ou é mentira, ou é verdade. Pode-se
admitir o engano, que é quando a pessoa diz o que acha ser a verdade e não o é,
mas a verdade que cada um tem dentro de si é a única à qual ele pode honrar. A
Verdade, com “V” maiúsculo, é o fato em si, e este sempre está fora de nós. O
que trazemos dentro de nós é a sua imagem, a nossa percepção sobre o fato, que
é a verdade com “v” minúsculo, ou versão. É a única à qual podemos ser fiéis,
porque é a que conhecemos. Por isso, mesmo nos abstendo por completo da
mentira, podem haver discordâncias sobre um fato e, então, conhecendo e
respeitando a verdade do outro, ampliamos nosso conhecimento sobre a Verdade.
Podemos exemplificar, dizendo que Deus é a Verdade a as religiões são as
verdades (versões). Cada uma delas é a imagem que temos de Deus, mas Ele está
acima delas. Conhecendo e respeitando a nossa verdade e a dos outros, poderemos
avançar e conhecer mais da Verdade.
Trecho do livro “A filosofia na Bíblia”.
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