"O que acham vocês? Se alguém possui
cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes,
indo procurar a que se perdeu? E se conseguir encontrá-la, garanto-lhes que ele
ficará mais contente com aquela ovelha do que com as noventa e nove que não se
perderam. Da mesma forma, o Pai de vocês, que está nos céus, não quer que
nenhum destes pequeninos se perca". (Mt 18:12-14)
Jesus,
diferentemente de Moisés, nos apresenta Deus como nosso Pai. Antes, era
apresentado, na Bíblia, como “O Senhor dos Exércitos”. Deus não mudou, e sim, a
nossa compreensão sobre Ele. Jesus nos disse que não veio destruir a Lei, mas
ampliá-la (Mt 5:17). Apesar disso, nos versículos seguintes, atualizou a
interpretação desta mesma Lei, adaptando-a à evolução da humanidade (embora,
passados 2000 anos, ainda nos esforcemos por cumpri-la). Se antes, com Moisés,
era vedado matar, agora sequer podemos nos irar contra nosso irmão (Mt
5:21-22); se não podíamos, com Moisés, adulterar, com Jesus até o pensar nisso
nos é vedado (Mt 5:27-28); era-nos proibido jurar em falso, pela velha lei, mas
Jesus nos ensina que o simples juramento é um erro, que a palavra do homem deve
ser uma só e, por isso, bastar (Mt 5:33-34); Moisés nos ensina o “olho por
olho”, novidade para a época, e visando obter justiça, enquanto Jesus,
ultrapassando a lei antiga, nos ensina a “dar a outra face”, a perdoar em nome
do Amor (Mt 5:38-39).
Na parábola da
ovelha perdida, Jesus nos afirma que o Filho do Homem veio salvar as que
estavam perdidas (Mt 18:11). Tanto nesta parábola (Mt 18:12-13), como na do
filho pródigo (Lc 15:11-32), Jesus nos fala da alegria do Pai ante a ovelha
perdida que encontra, ou a cada filho que retoma, por seus pés, a casa paterna.
Ora, se Deus se alegra com o arrependimento do pecador, e não é de sua vontade
que nenhum de seus filhos se pereça, como descrito na frase que inicia este
texto e, considerando ainda que Deus tudo pode, nos resta concluir que nenhum
de nós se perderá. Esta a nossa interpretação dos ensinos de Jesus. O fogo é
eterno, mas a nossa permanência neste “inferno” depende de nosso
arrependimento, mudança de conduta e reparação dos efeitos nocivos de nossos
erros. Assim, nunca é tarde para mudar. “Se não podemos voltar, e fazer um novo
começo, podemos mudar, e fazer um novo final”, ensina Chico Xavier, em total
conformidade com os ensinamentos do Mestre.
Porém, esta noção de que sempre é tempo, não deve nos induzir ao erro de
protelar a mudança. As alegrias ilusórias que a matéria oferece cobram alto
preço de sofrimento, o que não compensa e, por outro lado, retardam as reais
alegrias que nos esperam ao agirmos em conformidade com os ensinos de Jesus,
que as enunciou claramente nas Bem-aventuranças (Mt 5:3-12). Em algumas
religiões se usa a figura do Inferno e das Penas Eternas como estímulo às
mudanças. Entendemos e respeitamos estes costumes, pois podem servir a muitos,
mas nos parece que seriam contrários ao que Jesus nos ensinou sobre o perdão,
ao dizer que “devemos perdoar, não te digo até sete vezes, mas até setenta
vezes sete vezes” (Mt 18:22). Como poderia Deus, que é perfeito, deixar de nos
perdoar, igualmente? O Inferno, a nosso ver é uma figura que cumpriu (e ainda
cumpre, para muitos), um papel, como as Leis Mosaicas, mas que deve ser
interpretada à luz dos ensinos de Jesus, que falava em nome do Pai (Jo 5:37).
Toda vez que encontrarmos contradição entre diferentes partes da Bíblia, isto
não significa que ela esteja errada, mas que ali se encontra guardado um
ensinamento cuja profundidade ainda não podemos alcançar, pelas nossas
limitações. Com a evolução e o estudo do texto, o esclarecimento restaurará a
coerência que sempre existiu, visto que Jesus nos prometeu que “O véu será
levantado” (Mt 10:26).
Do
livro “A Filosofia na Bíblia”
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