terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

DEUS NÃO NOS FEZ DESTINADOS A FRACASSAR, POIS ELE É PERFEITO


"O que acham vocês? Se alguém possui cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes, indo procurar a que se perdeu? E se conseguir encontrá-la, garanto-lhes que ele ficará mais contente com aquela ovelha do que com as noventa e nove que não se perderam. Da mesma forma, o Pai de vocês, que está nos céus, não quer que nenhum destes pequeninos se perca". (Mt 18:12-14)
                Jesus, diferentemente de Moisés, nos apresenta Deus como nosso Pai. Antes, era apresentado, na Bíblia, como “O Senhor dos Exércitos”. Deus não mudou, e sim, a nossa compreensão sobre Ele. Jesus nos disse que não veio destruir a Lei, mas ampliá-la (Mt 5:17). Apesar disso, nos versículos seguintes, atualizou a interpretação desta mesma Lei, adaptando-a à evolução da humanidade (embora, passados 2000 anos, ainda nos esforcemos por cumpri-la). Se antes, com Moisés, era vedado matar, agora sequer podemos nos irar contra nosso irmão (Mt 5:21-22); se não podíamos, com Moisés, adulterar, com Jesus até o pensar nisso nos é vedado (Mt 5:27-28); era-nos proibido jurar em falso, pela velha lei, mas Jesus nos ensina que o simples juramento é um erro, que a palavra do homem deve ser uma só e, por isso, bastar (Mt 5:33-34); Moisés nos ensina o “olho por olho”, novidade para a época, e visando obter justiça, enquanto Jesus, ultrapassando a lei antiga, nos ensina a “dar a outra face”, a perdoar em nome do Amor (Mt 5:38-39).
                Na parábola da ovelha perdida, Jesus nos afirma que o Filho do Homem veio salvar as que estavam perdidas (Mt 18:11). Tanto nesta parábola (Mt 18:12-13), como na do filho pródigo (Lc 15:11-32), Jesus nos fala da alegria do Pai ante a ovelha perdida que encontra, ou a cada filho que retoma, por seus pés, a casa paterna. Ora, se Deus se alegra com o arrependimento do pecador, e não é de sua vontade que nenhum de seus filhos se pereça, como descrito na frase que inicia este texto e, considerando ainda que Deus tudo pode, nos resta concluir que nenhum de nós se perderá. Esta a nossa interpretação dos ensinos de Jesus. O fogo é eterno, mas a nossa permanência neste “inferno” depende de nosso arrependimento, mudança de conduta e reparação dos efeitos nocivos de nossos erros. Assim, nunca é tarde para mudar. “Se não podemos voltar, e fazer um novo começo, podemos mudar, e fazer um novo final”, ensina Chico Xavier, em total conformidade com os ensinamentos do Mestre.
Porém, esta noção de que sempre é tempo, não deve nos induzir ao erro de protelar a mudança. As alegrias ilusórias que a matéria oferece cobram alto preço de sofrimento, o que não compensa e, por outro lado, retardam as reais alegrias que nos esperam ao agirmos em conformidade com os ensinos de Jesus, que as enunciou claramente nas Bem-aventuranças (Mt 5:3-12). Em algumas religiões se usa a figura do Inferno e das Penas Eternas como estímulo às mudanças. Entendemos e respeitamos estes costumes, pois podem servir a muitos, mas nos parece que seriam contrários ao que Jesus nos ensinou sobre o perdão, ao dizer que “devemos perdoar, não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes” (Mt 18:22). Como poderia Deus, que é perfeito, deixar de nos perdoar, igualmente? O Inferno, a nosso ver é uma figura que cumpriu (e ainda cumpre, para muitos), um papel, como as Leis Mosaicas, mas que deve ser interpretada à luz dos ensinos de Jesus, que falava em nome do Pai (Jo 5:37). Toda vez que encontrarmos contradição entre diferentes partes da Bíblia, isto não significa que ela esteja errada, mas que ali se encontra guardado um ensinamento cuja profundidade ainda não podemos alcançar, pelas nossas limitações. Com a evolução e o estudo do texto, o esclarecimento restaurará a coerência que sempre existiu, visto que Jesus nos prometeu que “O véu será levantado” (Mt 10:26).

Do livro “A Filosofia na Bíblia”
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