quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A CONTINUIDADE E A EVOLUÇÃO; A JUSTIÇA E O AMOR








“Amar a Deus sobre todas as coisas e não ter outros deuses. Não fazer ídolos nem imagens para adorar. Não tomar o nome de Deus em vão. Descansar no sétimo dia e dedicar esse dia a Deus. Honrar pai e mãe. Não matar. Não cometer adultério. Não furtar. Não dar falso testemunho contra seu próximo. Não cobiçar as coisas de seu próximo” (Ex 20:1-17)
“Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir... Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no Reino dos Céus.” (Mt 5:17, 20)
“Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mt 22:37-40)
Jesus inaugurou uma nova era dentro da história da humanidade. Ela se divide em a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo), e não é por acaso. Se os judeus contam os anos desde Moisés e os árabes desde Maomé, o mundo todo acabou por adotar o calendário cristão, mostrando sua relevância para a humanidade. O cristianismo abriga cerca de 28% da humanidade, mas ele é reverenciado dentro do islamismo, que conta com outros 22% e suas ideias estão presentes no budismo, no confucionismo e no hinduísmo.
No começo, era “cada um por si”. Com a evolução da humanidade, Moisés veio implantar a Lei da Justiça, o Torá, que dizia “um olho por um olho, um dente por um dente”. Pode parecer estranho, mas já era um avanço, limitando a vingança ao tanto de dano sofrido e, ainda hoje, muitos não respeitam este limite. O Torá era a lei civil do povo judeu. Paralelamente, os Dez Mandamentos vieram estabelecer a Lei Divina, um código moral de conduta, sendo os primeiros quatro mandamentos voltados à espiritualidade e os seis restantes, voltados ao respeito com o nosso próximo e seus bens e propriedades.
Cerca de 3760 anos depois, a humanidade avançava e Jesus, sem remover qualquer destes mandamentos, veio ampliar seu alcance, apesar de resumi-los a dois mandamentos, e mais, disse-os iguais entre si. Não se pode amar a Deus a não ser através de suas criaturas. Ampliou ainda este conceito ao dizer que “sempre que o fazes a um destes pequeninos irmãos, é a mim que o fazes” (Mt 25:40). Quanto ao Torá, a lei civil, esta sim foi substituída. Não mais o “olho por olho” (Mt 5:38), mas o “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5:44). Abre assim, o homem, mão do direito de exercer a justiça em nome do orgulho: “Guardai-vos de exercer vossa justiça diante dos homens com o fim de serdes vistos por eles” (Mt 6:1) e passa a perdoar “Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?’ Jesus respondeu: ‘Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete vezes’.” (Mt 18:21-22). Esta evolução, que ainda hoje, passados dois mil anos não se completou, representa uma mudança de patamar. Moisés veio implantar um mundo onde a Justiça se impunha à barbárie, enquanto Jesus veio ampliar o sentido desta Justiça, não revogá-la, mas ampliá-la com o concurso do Amor.
Como o perdão pode ser relacionado à Justiça? A justiça seria obtida pela vingança, no entendimento anterior. No novo entendimento, percebemos que Deus, que pode tudo, é justo e nos ama, não poderia permitir que um irmão fizesse mal ao outro, se não fosse merecido. O mal que sofremos tem origem nos nossos atos. Sendo Deus, além de justo, bom, usa este sofrimento a nosso favor, ajudando-nos a mudar o que temos de errado. Assim, o “mal” que nosso irmão nos fez, é, na verdade, um bem, pois além de justo, é útil. Porém, aquele que o faz não está isento de culpa, como Jesus nos explicou: “Ai do mundo por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual ele vem” (Mt 18:7). Se não houvesse ele errado, nosso aprendizado viria por meios naturais, o que faz com que ele deixe de ter contas a nos prestar, embora as tenha com Deus. O irmão que erra prejudica a si mesmo, como nós, que somos, assim, os responsáveis por nosso sofrimento, não podendo jamais atribuí-lo ao outro ou tomar-lhe contas disso.
Eis a nova justiça do Cristo em toda a sua compreensão. Nada revogado, mas tudo ampliado.

Trecho do livro “A filosofia na Bíblia”.
Página www.facebook.com/diantedavida

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